Política
Comandante do Exército defende chefe militar do Planalto no 8/1: ‘Cumpria ordens e evitou que fosse derramado sangue’
O comandante do Exército, general Tomás Paiva, disse que o ex-chefe do Comando Militar do Planalto (CMP) general Gustavo Henrique Dutra evitou um “derramamento de sangue” durante os ataques criminosos às sedes do Três Poderes no 8 de Janeiro. Tomás Paiva acompanhou o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, para apresentar as prioridades da pasta para 2024 na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados na quarta-feira, 17.
“Aqui, agora, foi ofendido um subordinado meu, o general Dutra. Parece que o general Dutra não tinha comandantes, que ele não cumpria ordens, que ele é o responsável. O general Dutra é um grande oficial. Agora, eu defendo ele porque ele é um grande oficial e cumpriu a ordem. Ele evitou que fosse derramado sangue naquele dia, naquela noite, isso que aconteceu”, afirmou Tomás Paiva.
A defesa à Dutra ocorreu em resposta ao deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS), que avaliou o Exército como “subjugado” do Supremo Tribunal Federal (STF). Van Hattem questionou se Paiva tem “consultas” com o ministro Alexandre de Moraes e se teria acesso privilegiado a processos.
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Antes, o deputado Ricardo Salles (PL-SP) havia afirmado que sentia “vergonha” do general Dutra pelo comando nos ataques golpistas. “Não tenho vergonha nenhuma, aliás, tenho muito orgulho de ter sido colega do general Heleno, almirante Garnier. Eu tenho vergonha daquele general, Dutra, que enganou os brasileiros, emboscou os brasileiros e fez aquele papelão e, depois, se orgulhou dizendo que tinha falado com Lula no telefone. Esse, sim, eu tenho muita vergonha, aliás, muita vergonha”, disse.
Ao responder Van Hattem, Tomás Paiva ainda avaliou que possui “vergonhas diferentes” dos deputados. Segundo ele, motivo de vergonha é “não cumprir ética militar”. “Estou aqui de cara lavada para dizer aos senhores, eu nunca falei uma mentira para minha tropa, meus soldados.”
Em dezembro de 2023, o ex-comandante do Planalto, general Dutra, disse à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro que as Forças Armadas agiram para dissuadir os golpistas naquele dia. O general avaliou que, diante fatos apresentados, não houve inércia ou omissão dos militares.
Em abril do mesmo ano, Dutra foi exonerado pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, do posto de comandante militar do Planalto. A decisão ocorreu em meio às acusações de que o militar teria sido omisso no combate às invasões do 8 de Janeiro.
O general também depôs, no mesmo mês, à Polícia Federal, assim como outros 80 militares sobre a eventual participação das Forças Armadas nos atos golpistas.
Além do ministro e do comandante do Exército, também compareceram à reunião extraordinária da comissão o comandantes da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, e da Aeronáutica, Marcelo Kanitz Damasceno.
Estadão Conteúdo
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